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domingo, 9 de janeiro de 2011

As duas Jóias...

Narra antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito
feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.


Certa vez, por imperativos da religião, o rabino empreendeu longa viagem
ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos
dois filhos amados.

A mãe sentiu o coração dilacerado de dor.
No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança
em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha a mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos... Ela pediu para que não se preocupasse.
Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços. Alguns minutos depois estavam ambos sentados a mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos
filhos. A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:

- Deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado perguntou:
- O que aconteceu? Notei você abatida ! Fale ! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse ! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?

- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?

- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
- Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.
- Deus os confiou a nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los.
Eles se foram...

O rabino compreendeu a mensagem.
Abraçou a esposa e juntos derramaram muitas lágrimas.


Do livro "Quem tem medo da morte"
Tags: morte de um ente querido,superar a dor


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