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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aceitação é difícil? Ou seria fácil?

A mente costuma distorcer e nos fazer acreditar que agir da forma mais fácil que há é a mais difícil. Quando estamos passando por alguma situação que vemos como negativa, a reação mais difícil é a não-aceitação e a mais fácil é a aceitação. Mas não seria o contrário? Não. É que quando não aceitamos a situação, criamos uma resistência interior desconfortável que nos faz sofrer.

A não-aceitação é um brigar com uma realidade que já é. Nada pode ser mais difícil ou insano do que isso. Os momentos que se sucedem são do jeito que são. Muitos deles não tomam a forma que nós desejamos. Quando isso ocorre, surge um sofrimento interior ao qual chamamos de não-aceitação. As pessoas agem da maneira que agem, têm seu próprio comportamento e modo de pensar. E quando elas não agem conforme nós gostaríamos, surge também a não-aceitação.

Essa resistência não tem poder algum de mudar a situação exterior ou o comportamento de alguém. Mas, inconscientemente, é como se achássemos que nossas reclamações mentais e nosso desconforto interno fosse mudar algo.

A não-aceitação vem sendo praticada pela humanidade há milênios, por isso está bastante enraizada no inconsciente coletivo, moldando nossa forma de pensar, fazendo parecer que é algo natural. É comum agir dessa forma, mas não é saudável. Os níveis de aceitação variam de pessoa pra pessoa. Quanto mais uma determinada pessoa não aceita as coisas do jeito que são, mais ela sofre.

Precisamos, então, praticar a aceitação, de forma paciente e persistente, porque a nossa mente está viciada em resistir e causar sofrimento. Me pego muitas vezes por dia tendo pensamentos de não-aceitação que não mudam em nada a situação externa, mas que me trazem desconforto interior. Quando percebo, dou-me conta da insanidade que é esse tipo de pensamento e procuro abandoná-lo. Isso acontece desde pequenas coisas até eventos mais significativos.

Agora mesmo ao escrever esse texto, o cursor do computador às vezes muda sozinho de local e vai parar em outro local da página. Eu tenho que pegar o mouse, retornar para o ponto certo e corrigir o erro. Não sei porque meu computador faz isso sozinho. Automaticamente, surge uma irritação, que nada mais é do que uma resistência interior. Reclamações inconscientes do tipo "isso não deveria ter acontecido; droga, agora tenho que parar o texto e redigitar algumas coisas; não entendo porque isso acontece". No momento em que percebo, procuro simplesmente observar e soltar esse desconforto porque ele não muda em nada o que aconteceu nem o que eu tenho que fazer; causa-me apenas mal-estar.

O desconforto surge de forma automática pelo longo condicionamento mental que vem sendo passado de geração em geração. Mas isso não significa que não possa ser mudado. Com a prática, eu percebo que minha mente vem reclamando e resistindo menos. Cada vez mais rapidamente, consigo perceber e largar esses pensamentos de resistência. As vezes eu me deixo levar por eles mais do que poderia. O importante é continuar praticando sempre, e os progressos ocorrem certamente.

Quando alguém é antipático, grosseiro, ou age de uma forma contrária às nossas expectativas, o gatilho da não-aceitação é disparado em nós, gerando raiva, irritação e outros sentimentos. Outro dia, fui a uma padaria, dei um sonoro "boa tarde" mas a atendente do caixa não respondeu. Fez sua tarefa de forma automática a não me deu qualquer atenção. Estava com a cabeça em outro lugar. Rapidamente, surgem os pensamentos de irritação: "Nossa, que moça mal educada!". Percebi o que ocorreu, larguei o pensamento e fiquei em paz. Deixei a moça ser do jeito que ela é. Não briguei mais com o que aconteceu. Quando você aceita, é como se você se tornasse transparente e, assim, as ofensas e outras coisas que poderiam ser desagradáveis passam através de nós.

São exemplos simples, mas servem para qualquer tipo de situação. No meu caso, percebo que às vezes tenho mais facilidade em aceitar fatos considerados maiores dos que os pequenos. Certa vez, um motorista fez uma manobra maluca e acertou em cheio o meu carro, provocando um acidente que poderia ter sido grave. Muitos danos materiais, mas felizmente nenhum dano físico. O interessante é que quando isso ocorreu, saí do carro 100% em paz e fui até o carro do outro motorista para saber se ele estava bem. Fiz tudo que era possível ser feito, tomei as ações necessários, sem precisar da raiva, irritação, ou qualquer outro tipo de resistência interior.

Sempre que se fala sobre aceitação, algumas pessoas dizem que é ela a responsável pela falta de ação. Justificam que, quando você aceita algo, você fica passivo, não toma nenhuma atitude e permite, assim, que pessoas passem por cima dos seus direitos e dos direitos alheios. No entanto, a falta de ação é gerada por outros problemas emocionais que as pessoas têm ligados à auto-estima: sentimentos de não-merecimento, sentir-se inferior, ter dificuldade em dizer não, medo de não ser aceito, medo de ser julgado... Tudo isso pode e deve ser trabalhado com a EFT.

Existe até uma cobrança social para que se reaja de forma emocional a determinados eventos. Já observei pessoas comentando "como fulano pode ficar assim tão tranqüilo diante dessa situação? Parece que não tem sangue correndo nas veias".

Certa vez, em um momento de tranqüilidade que tive em uma situação tipicamente estressante, uma pessoa que estava super irritada com a mesma situação me disse que ela até gostaria de ficar calma, mas que era muito difícil ficar como eu naquela hora. Nesse momento, o pensamento que me veio foi o contrário. Olhei para a outra pessoa e cheguei a conclusão que o difícil era reagir daquela forma, não aceitando e se estressando com a situação, simplesmente, por que causava um grande sofrimento e não resolvia nada. Só que em outros momentos, eu acabo caindo exatamente no mesmo mecanismo de resistência interior. Por isso é importante a prática. A aceitação é o fácil que a mente distorce e interpreta como sendo algo difícil.

André Lima - EFT



2 comentários :

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